quinta-feira, 30 de junho de 2011

Redes Sociais, A Empresa nas Mãos do Cliente

Muito bom artigo sobre Marketing de Relacionamento e redes sociais de Cristina Prado Gomes que publico abaixo.

A utilização das redes sociais como ferramenta de marketing de relacionamento está servindo para, cada vez mais, aproximar as empresas dos clientes, reforçando o caráter do atendimento mais personalizado. Mas tão importante quanto abrir canais é saber modular essa comunicação e ter uma intencionalidade nas relações, para saber exatamente o que buscar nesse oceano de estímulos e informações.

Apesar de ainda haver um gap muito grande entre a cultura de comunicação interna de muitas organizações – mais fechada, controlada e lenta – e a cultura das redes sociais – um território cujo princípio de existência é a livre e instantânea circulação de informações –, as empresas já têm utilizado as redes sociais como um grande ouvido para o mundo exterior.

Além de flagrar as pessoas expressando suas opiniões com liberdade – ampliando muito o poder das pesquisas –, as empresas também podem ser proativas na comunicação, alimentando perfis no Facebook, no Twitter e no Youtube, por exemplo. Neles, as companhias conseguem emitir mensagens mais propositivas, que alavancam discussões e tentam criar um ambiente legítimo de relacionamento com a clientela.

O recurso está aí, mas nos coloca frente a algumas questões, como a da credibilidade e do vínculo com o cliente. Se o consumidor não nos perceber como uma fonte confiável, se não enxergar benefícios concretos no relacionamento com a marca, se sentir que a empresa não é de fato aquilo que pretende transparecer, é bem possível que os resultados não sejam bons.

Nós, comunicadores, precisamos ter sempre em mente quatro características fundamentais das novas tecnologias: portabilidade, interatividade, conectividade e multifuncionalidade. O mundo está na palma de sua mão e todos podem participar dele, então é natural que as pessoas demandem respostas coerentes das empresas, com essas propriedades do meio em que convivem socialmente. O cliente vai exigir, cada vez mais, acesso online permanente, canais de diálogo efetivos e respostas imediatas às suas demandas como consumidor. E, mais uma coisa importante: um alinhamento com os valores nos quais acredita.

Nesse ambiente de transformações incrivelmente velozes, o Customer Relationship Management, ou CRM, vem ganhando peso. Quanto mais ferramentas tivermos para conhecer o consumidor e atender a suas demandas explícitas e implícitas, evidentemente as chances de sobrevivência aumentam. Agora temos de ir além e buscar uma antecipação das necessidades das pessoas, compreendendo com mais precisão a dinâmica interna das transformações, pois o risco da obsolescência é cada vez maior. As redes sociais e a tecnologia me parecem ferramentas cruciais dessa mentalidade que, no entanto, não pode ser reduzida aos ambientes sociais.

Assim como a sofisticação da interação empresa-cliente caminha para um foco cada vez mais personalizado, também não há soluções padrão, pois as empresas são muito diferentes entre si. Há questões próprias nas esferas da governança, da tecnologia e do marketing e cada uma sabe onde lhe dói o calo, como se diz popularmente.

Então, é fundamental que cada corporação encontre a sua própria forma de se relacionar com as redes sociais ou só tornará mais exposta às suas fragilidades. É um meio em que o sucesso e o fracasso são virais, e por isso há riscos. Para enfrentar a superexposição tentadora das redes, é preciso estar disposto a viver sob as regras desse meio; não dá para ser “social” pela metade. É uma mudança de mentalidade, não apenas de ferramentas, que exigem uma visita contínua às raízes e à identidade de cada organização – que não poderá mudar tanto a ponto de não reconhecer mais a si mesma.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Pesquisa Aponta o Crescimento Contínuo da Publicidade na Web em Todo o Mundo

A web terá mais publicidade do que os jornais em 2012 em todo o mundo, segundo a pesquisa "Global Entertaiment and Media Outlook". O levantamento, feito pela consultoria PwC, coloca o Brasil e a China na posição de futuros protagonistas da expansão da mídia e do entretenimento mundiais. As infomações são do Portal Comunique-se.

O estudo usou como base os dados de mercado de 48 países, projetando um cenário até 2015. Foi verificado que a internet será a mídia que mais crescerá, com uma média anual de 13% de avanço. Devido a isso, a verba publicitária que será destinada aos veículos de comunicação será proporcionalmente maior do que a que seria reservada aos jornais, isso já no ano que vem, considerando os dados dos países analisados pela PwC.

No mundo, a publicidade online movimentou um total de US$ 70,5 bilhões em 2010. Neste ano, a estimativa é que essa quantia suba para US$ 80,1 bilhões e em 2015, chegue a US$ 129,9 bilhões. De acordo com a pesquisa, isso fará com que a publicidade na internet ultrapasse a dos jornais, que movimentaram no ano passado US$ 87,3 bilhões em todo o mundo. Para 2011, a previsão é que os anúncios em jornais mantenham-se nesse número e, em 2015, cheguem a US$ 97,9 bilhões.

O Brasil se tornará o sétimo maior mercado de publicidade do mundo até 2014, ultrapassando países como Itália, Coreia do Sul e Canadá.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Como NÃO fazer Marketing nas Mídias Sociais


Muito bom artigo que recebi e que transcrevo abaixo.

Outro dia eu ajudei uma empresa a evitar um desastre com uma estratégia de mídia social proposta. E fui lembrado mais uma vez do quão difícil será para os profissionais de marketing se familiarizar com o espaço da mídia social. Interações que ocorrem no espaço do “marketing” e no espaço “social” operam sob costumes completamente diferentes, e isso pode ser difícil para os profissionais de marketing enfrentar.

Quando você discute com um colega, amigo, conhecido ou estranho você aplica um conjunto de princípios sociais informais, mesmo que você não pense muito sobre isso. Não interrompa. Ouça primeiro, demonstre interesse. Responda ao que os outros estão dizendo. Mas há princípios mais sutis, também. Suponha, por exemplo, que um bom amigo lhe peça para ajudá-lo a conseguir um emprego na empresa onde outro amigo seu é um vice-presidente. Tudo o que ele realmente quer é uma introdução. Ele é seu amigo, e ele certamente faria o mesmo por você. Mas e se, ao pedir este favor, seu amigo também lhe oferece R$ 100,00 para fazer a introdução? Ou R$ 500,00? Você se sentiria totalmente ofendido, não é mesmo? Você poderia pensar que, afinal, talvez ele não seja realmente seu amigo, porque isso certamente não é como amigos lidam uns com os outros.

Esta situação hipotética ilustra perfeitamente uma das mais importantes diferenças entre o marketing tradicional e mídias sociais. Marketing é uma parte vital da economia comercial, um cenário caracterizado por pessoas trocando dinheiro livremente entre si. Você compra de mim, eu vendo para você, e se fizermos isso direito nós dois nos consideraremos ganhadores. Mas as interações em mídias sociais não são parte da economia comercial. A maioria das pessoas usam as mídias sociais para interagir pelas mesmas razões que participam de festas ou conversas informais com amigos – não por dinheiro, mas pelo prazer e satisfação que obtêm.

O que motiva as pessoas a postar comentários em sites como Amazon e eBay, por exemplo, ou a atualizar seus status no Twitter ou Facebook? É preciso tempo e esforço para compartilhar uma opinião, então por que fazê-lo? Porque gostamos de compartilhar nossas perspectivas e ideias, esse é o motivo. Alguns sentem prazer em influenciar a opinião dos outros, e outros se sentem satisfeitos através da oferta de conselhos úteis. Faça a sua escolha dos motivos, mas muito poucos de nós mudaríamos o nosso ponto de vista ou o anunciaríamos aos outros em troca de uma compensação, e a maioria de nós julga que seria um insulto ser oferecido dinheiro para fazê-lo. Entramos nas mídias sociais para ser social, não para comprar ou vender.

A Disney descobriu isso quase no mesmo momento em que se inseriu nas mídias sociais. No evento de novembro da Loyalty World event em Londres, dois executivos da Euro Disney relataram que sua empresa descobriu que precisava usar regras completamente diferentes para a venda no “espaço de marketing” para os consumidores que  tinham se inscrito, por exemplo, para receber um dos boletins de e-mail da empresa, em comparação com a venda no “espaço social” para os consumidores que adicionaram como amigo o perfil de um dos muitos personagens da Disney no Facebook. Enquanto a oferta de promoções de cross-sell e outros produtos para os assinantes do newsletter era aceitável, eles descobriram ao tentar fazer tais ofertas a amigos do Facebook, que um grande número deles ficavam ofendidos. E não era apenas o fato da taxa de resposta às ofertas ser menor em resultados. A taxa de resposta foi negativa, pois as ofertas de marketing, quando feitas no espaço social, podem realmente gerar má vontade. Esqueça o ROI. Marketing no espaço social pode ser pior do que nenhum marketing.

Não estou dizendo que você não pode lançar uma iniciativa de marketing puro que use uma plataforma de mídia social como um ‘canal’. Muitas companhias fazem isso, e elas podem obter bons resultados, mas isso não é uma estratégia social. A maioria das páginas de fãs do Facebook, por exemplo, servem como excelentes veículos de disseminação de descontos, cupons e outras regalias para seus clientes. Não há nada de errado com isso – porém vendas não é um objetivo social. É um objetivo de marketing, e os clientes que se tornam fãs entendem isso. Aumentar o número de fãs no Facebook ou o número de seguidores do Twitter tem pouca relação com gerar boa vontade ou reputação positiva que provém de relacionamentos sociais verdadeiros com os clientes – relacionamentos baseados em amizade e confiança.

Pegando emprestado ainda uma outra analogia, todos nós sabemos da importância de ‘networking’ quando se trata de avançar em nossas próprias carreiras, mas somente alguém severamente perturbado emocionalmente, considerará amigos genuínos somente aqueles que são valiosos em termos financeiros. Empresas que usam a mídia social para propósitos de marketing estão no mesmo caminho de networking profissional. – Eles estão adquirindo contatos e ganhando familiaridade, a fim de incrementar suas chances com os clientes e prospects. Mas eles provavelmente não estão produzindo muitas relações de apoio, confiança e relacionamentos a longo-prazo, e não devem se enganar. No universo online, ninguém posta uma opinião sincera ou análise de produto em troca de dinheiro ou desconto em um produto. Se você lê um elogio referenciado a você no Facebook ou Twitter, você pode compartilhar com seus amigos, porém jamais pensar em oferecer dinheiro para o autor. Isso não é o modo como as pessoas lidam com seus amigos.

Não que alguns já não tenham tentado, e até mesmo… Podem algumas vezes encontrar um mercado limitado. A “cauda longa” dos interesses humanos suporta muitos pecados. PayPerPost é um serviço online que oferece aos blogueiros dinheiro em troca de posts patrocinados por produtos ou marcas. Embora seja destinada a ajudar as marcas a comprarem a recomendação boca-a-boca, PayPerPost é extremamente desprezado na blogosfera. Blogueiros que ganham dinheiro em troca de seus posts são regularmente condenados como “vendidos” ou “hacks”, apesar da política da PayPerPost exigir que os blogueiros publiquem que estão sendo pagos por seus serviços. Mídia Social é um lugar onde amigos se associam com amigos, e você não deve cobrar por introduzir um bom amigo a um produto ou serviço comercial. Você faz isso porque acredita que seu amigo será beneficiado, ou você nem faz. Mas independente da sua boa vontade, oferecer dinheiro prejudica sua integridade.

O que me faz voltar para como iniciei este post. Lá estava eu, em uma reunião de trabalho discutindo as estratégias de mídia social, e os profissionais de marketing na sala propuseram que os blogueiros influentes deviam ser recompensados com produtos gratuitos e serviços especiais, a fim de motivá-los a escrever mais posts favoráveis em seus blogs. Além disso, eles sugeriram que as páginas de marcas do Facebook deveriam oferecer pontos extras no programas de fidelidade para quem conseguisse recrutar outros fãs, muito parecido com qualquer outro programa tradicional de marketing promocional de “member-get-a-member”. Eu mencionei o fato de essa não ter sido a primeira vez que ouvi tal pensamento? Eu já presenciei isso uma vez em uma conferência, onde um autointitulado ‘expert’ em CRM e e-marketing seguiu com a ideia de como oferecer produtos gratuitos para gerar recomendações boca-a-boca dos participantes de mídias sociais. Sério mesmo.

Como você pode imaginar, eu tive que explicar para os paticipantes da reunião que as suas iniciativas de mídia social seriam não somente ineficazes, mas muito provavelmente imprudentes. De fato, se eu retenho a atenção de um ou dois internautas influentes, tal iniciativa poderia facilmente gerar um desatre nível 6 ou 7 na escala Richter.

Eu acho que os profissionais de marketing têm dificuldade com influências sociais e marketing boca-a-boca pelo fato de isso não poder ser comprado. Você pode comprar campanhas publicitárias com moeda, comprar a visão do cliente com dados e análises e comprar ‘fãs’ do Facebook com descontos ou brindes. Mas você não pode comprar recomendações boca-a-boca ou influências sociais. Simplesmente não é a maneira como amigos lidam com amigos.

Agora você deve estar se perguntando, depois de tudo isso que eu disse, se há alguma estratégia que possa ajudar a gerar um mundo de recomendações boca-a-boca e conversas sociais. É possível que profissionais de marketing consigam influenciar os influenciadores de seus clientes nas ‘rodas’ de mídia social? As respostas para estas perguntas são sim e sim novamente. E uma estratégia que eu recomendei neste encontro será o assunto para um próximo post no blog… 

Por Don Peppers, sócio-fundador do Peppers & Rogers Group

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O Mantra do Sucesso nas Mídias Sociais

Há uma crença comum: a fórmula mágica do sucesso nas mídias sociais, repetida indefinidamente em eventos que discutem as melhores práticas de comunicação empresarial, passa por três passos: monitorar sua marca nos diversos canais de mídia social, ouvir o que as pessoas estão dizendo sobre a sua empresa (especialmente os consumidores), engajar os públicos no diálogo.
 
Esse mantra, embora útil e verdadeiro, já virou fruta madura que caiu do pé. Ou seja, já não traz nada de novo, e ainda assim continua sendo apresentado em discussões com gente de peso como se fosse uma revelação.

O ponto é que esses três itens – monitorar, ouvir, engajar – tornaram-se óbvios, tornaram-se a base sobre a qual outras coisas podem e devem acontecer.  Que outras coisas? A variedade é grande e nem todas se aplicam a todo tipo de organização ou objetivo empresarial.

Uma das mais interessantes é a escolha do foco. A maior parte das empresas diz, com orgulho, que seu foco é no cliente. Pois é, elas podem estar erradas. Porque, antes disso, seu foco deve ser na equipe que executa o trabalho. Se esta equipe não acreditar no que faz, não perceber a importância da colaboração de cada um no processo de atendimento ao cliente, não for recompensada à altura (não só financeiramente, mas especialmente do ponto de vista de reconhecimento) e não entender o seu papel e a missão da companhia, nada vai funcionar a contento.

Outro aspecto é a comunicação entre as pessoas. É impressionante como a comunicação continua sendo, apesar de todos os recursos e tecnologias à disposição, um elo extremamente frágil no trabalho cotidiano. Pesquisas de clima organizacional conduzidas mundo afora apontam sempre a mesma coisa (e não importa o segmento de atuação ou o porte da empresa): líderes não conversam com seus subordinados, equipes não trocam figurinhas para facilitar o tráfego das tarefas, funcionários têm medo de serem mal recebidos se tentarem sugerir novas ideias aos chefes.

Então, antes de olhar para fora e interagir com os clientes, as empresas precisam olhar para dentro e incrementar a cultura da comunicação entre seus próprios funcionários.

Por fim, um terceiro ponto é que, quando se trata de mídias sociais, há um descompasso enorme entre o que querem os clientes e no que efetivamente acreditam as empresas. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Inteligência de Mercado (Ibramerc) em novembro do ano passado mostrou que, embora 70% dos consumidores desejem acessar as empresas via mídias sociais, apenas 7% delas acreditam que utilizar esses canais seja algo realmente imprescindível.

A maior parte das empresas encara as mídias sociais apenas como uma iniciativa desejável (48%), uma ferramenta complementar e pouco relevante para seus negócios ou para o relacionamento com os clientes. Mas, apesar disso, 65% das empresas brasileiras já estão presentes nas redes sociais. Resta saber o quanto do mantra essencial (monitorar, ouvir, engajar) está sendo realmente colocado em prática.

Mas não adianta repetir o mantra para alcançar o sucesso. Não, não há fórmula mágica. Há, sim, muito estudo e avaliação sobre o que pode funcionar para o seu negócio, para o seu tipo de cliente. Não é uma aposta, e sim um planejamento.