sexta-feira, 1 de abril de 2011

As Interações Sociais Guiam Todo o Progresso Humano


 A colaboração do cliente e a inteligência coletiva produzem inovações lucrativas.

Os seres humanos são sociais por natureza, e nas nossas vidas, as redes sociais e outras tecnologias interativas tem mudado significativamente nossa essência naturalmente social. Diante de nossos olhos, nossa espécie está se transformando em uma dinâmica e robusta rede de pessoas conectadas eletronicamente ao redor do mundo, em um festival de criação e compartilhamento, colaboração, edição, publicação, disponibilização, entretenimento, críticas, comentários, ajuda, aprendizado, competição e divertimento.


Essa interação constante, onipresente, e conveniente irá acelerar o ritmo da inovação e do progresso tecnológico ainda mais, visto que é a partir da interação que a faísca da criatividade humana é aplicada em primeiro lugar. Há muito tempo, mais precisamente em 1922, o sociólogo norte-americano William Ogburn salientou que a inovação inerente envolve a combinação de inovações anteriores, sugerindo que o ritmo das mudanças tecnológicas se assemelha a uma curva de juros compostos, pois, como W. Brian Arthur escreveu em
The Nature of Technology: What It Is and How It Evolves, "Quanto mais há com o que inventar, maior será o número de invenções".

O fato de que somos animais sociais é muito mais responsável pelo nosso desenvolvimento tecnológico do que o fato de que somos seres inteligentes, já que todo o progresso depende do nosso convívio com outras pessoas para trocar ideias e comparar perspectivas. Na verdade, não importa o quão brilhante um único indivíduo possa ser isoladamente. Ele ou ela não poderia criar nem mesmo a mais simples ferramenta ou dispositivo que usamos hoje em dia. Praticamente todos os artefatos ao seu redor que são feitos de maneira artesanal só podem ser produzidos através do esforço coletivo de muitos, organizados de maneira complexa demais para que uma única pessoa compreenda todo o processo plenamente.


Há 50 anos, o economista Leonard Read abordou este ponto de maneira brilhante, com um texto sobre a fabricação de um lápis de madeira comum. Por mais simples que um lápis seja, disse ele, "não há uma única pessoa na face da terra" que saiba como fazê-lo. Por quê? Basta considerar a tarefa de colher a madeira de cedro para fazer o lápis, utilizando serras e machados, cordas e outros equipamentos. Claro que primeiro você tem de preparar e fundir o minério para fazer essas ferramentas, criar e cozinhar a comida para os lenhadores e misturar e despejar o concreto da represa hidrelétrica, que fornecerá energia à usina. Você também terá que viajar para o Sri Lanka para extrair o grafite do centro do lápis, que será misturado com argila enriquecida com hidróxido de amônio. Esta mistura será combinada com agentes umectantes, feitos a partir de sebo sulfonado, e será assada a quase 2.000 graus Fahrenheit, antes de cortá-la. Read não argumenta que nenhum ser humano jamais poderia fazer todas essas coisas, mas ele diz que nenhum ser humano realmente sabe como fazer todas essas coisas.


Mas se ninguém sabe como são feitos os lápis, ele diz, então como é que eles aparecem nas lojas? Bem, os lápis aparecem nas lojas da mesma forma que as colméias aparecem nos campos, e da mesma forma que os formigueiros aparecem no chão. Assim como uma colméia surge da interação de milhares de abelhas únicas, todos os nossos produtos, nossas tecnologias e nossa própria civilização emergem da interação social de milhões de seres humanos únicos. Nenhuma abelha sozinha sabe como construir uma colméia, e nenhum indivíduo humano sabe como criar um lápis. O lápis - e praticamente todas as nossas outras conveniências modernas - emergem de nossa inteligência coletiva.


Atualmente, as empresas podem tirar vantagem desta inteligência coletiva. Ao incentivar a colaboração dos clientes, elas podem lucrativamente co-criar suas próprias inovações.

Por Don Peppers e Martha Rogers, sócio-fundadores do Peppers & Rogers Group

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